quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Quinta feira à noite

Girou a chave e abriu a porta lentamente, como se esperasse mais uma surpresa. Ligou a luz e estava tudo calmo, tudo como ela havia deixado, alguns livros no sofá, sua gata em cima da tevê, o dvd ligado, sapatos no tapete, etc etc etc.
Tirou os sapatos e subiu as escadas devagar, com medo de aparecer alguém ou alguma coisa que fizesse TCHAM e ao mesmo tempo fosse silenciosa e surpreendente e destruísse mais uma parte de você. Mas não apareceu nada. Naquele dia já bastava o assalto, a demissão, o término do namoro que a cansava tanto que foi até melhor terminar mesmo.
Soltou sua bolsa que por sorte não foi levada pelo assaltante (bastou o celular) na cama. Por um momento pensou que fosse cair de barriga pra baixo e com os braços bem abertos na cama, como se estivesse se jogando numa piscina. Mas não, desta vez estava cansada mas sem vontade de dormir, queria ter prazer sozinha.
Desceu as escadas se arrastando pelo corremão, forçando um choro gritado. Chegou na sala abriu um vinho que estava guardando para o seu aniversário, mas aquela altura não pensava mais em nada, não sabia se ia viver até completar 23 anos. Tirou a roupa e deitou no chão, ao lado da sua gata, Nikita. Vinham à sua cabeça momentos engraçados de sua adolescência, ria, tinha contato com seu corpo, com sua sexualidade, dançava sem música, gritava, lembrava do seus primeiros namorados, falava sozinha, chorava inconscientemente, sem saber direito o motivo, mas não culpava a vida, se culpava e admitia seus erros. Liberava alguém que não conhecia bem. Foi uma das poucas vezes que Valentina teve momentos sozinhos com ela, que acertou suas contas consigo. Ela não pensava no amanhã, no novo emprego de jornalista que sabia que conseguia fácil, graças à sua lista enorme de contatos, não pensava em novos namorados, em novas pessoas tão interessante quanto Vicente, ou até mais, não pensava no seu celular roubado. Ela estava vivendo. Porque o ser humano passa a vida planejando o amanhã e aí quando está cansado, ele vai e vive a vida.

2 comentários:

Ynaê disse...

Simplismente porque a vida é contraditória! (Um pergunta e um afirmação)
Só nos momentos mais densos é que as lembranças vem mais claras feito fios de água e assim não se quer mais nada, que não faça parte de si.
***
Sim, quanto eu tava lendo me lembrei de Alice e de Elis :)
beijomenina.

Tulle n jazz disse...

fooi? bom, eu escrevo estórias de valentina faz um bom tempo, essa por exemplo é de 2007, copiei e colei, sem ajustes, sem nada.

tenho mais outra, é chica.
depois eu posto ^^